ATA DA TRIGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 25.08.1989.
Aos vinte e cinco dias do mês de agosto do ano de
mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Sessão
Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura,
destinada a assinalar os vinte e oito anos da Legalidade. Às onze horas e onze
minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos
os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as
autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Major Elsson Barich, representando
o Comando Geral da Brigada Militar; Jornalista Benigno Rocha, representando a
Associação Riograndense de Imprensa; e Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da
Câmara Municipal de Porto Alegre. Em prosseguimento, o Sr. Presidente fez
pronunciamento alusivo à solenidade, destacando a importância do Movimento da
Legalidade para o curso da história do País e, em especial, para o Estado do
Rio Grande do Sul. A seguir, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em
nome da Casa. O Ver. Vieira da Cunha, como autor da proposição e em nome das
Bancada do PDT e do PMDB, discorreu e perquiriu os fatos políticos e sociais
que levaram o ex-Presidente Janio Quadros à renúncia. Saudou os ideais da
Legalidade, em defesa dos direitos constitucionais do povo, destacando a
atuação do ex-Governador Leonel Brizola nesse levante popular. O Ver. Décio
Schauren, em nome da Bancada do PT, afirmou que os valores defendidos pela
Legalidade ainda se encontram ameaçados. Salientou que urge redistribuir o
papel das Forças Armadas do País, e defendeu a extinção da obrigatoriedade do
serviço militar, a criação de um serviço comunitário, e Forças Armadas voltadas
para a defesa da soberania nacional e não à repressão interna. O Ver. Omar
Ferri, em nome da Bancada do PSB, asseverou que o Movimento da Legalidade foi
resultado de uma série de acontecimentos que vinham tumultuando a ordem
democrática do País, e que esse movimento se constituiu numa profunda reação
popular contra as forças reacionárias que insistiam em fazer vigorar a “ideologia
da segurança nacional”. E o Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB,
discorrendo sobre os acontecimentos que precederam e procederam ao Movimento da
Legalidade, destacou o papel desempenhado pela Imprensa e pelas Forças
Militares deste Estado nessa ocasião. Asseverou que este movimento, massivo e
voluntário, mas desorganizado, deve ser rememorado e não relegado posto que a
Nação se constrói também com a sua história. Destacou a importância do rádio
como grande veículo de mobilização nacional. Os trabalhos desta Sessão foram
abertos e encerrados com a audição do Hino da Legalidade. Em continuidade, o
Sr. Presidente convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à
Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, encerrou os trabalhos às
onze horas e nove minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann, e secretariados pelos
Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após ser lida e
aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Estão
abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a assinalar os 28 anos
da Legalidade.
Falarão em nome da Casa os Vereadores Vieira
da Cunha, Décio Schauren, Omar Ferri, Lauro Hagemann, Artur Zanella e Luiz
Braz.
Faz hoje 25 anos que o Rio Grande do Sul viveu
um episódio que ficará eternamente na sua história - a Legalidade. Naqueles 25
dias de agosto, os gaúchos, independentemente de ideologias partidárias,
uniram-se contra o arbítrio de algumas lideranças de então e levaram o
Vice-Presidente João Goulart ao cargo vago de Presidente da República que, por
direito constitucional, era seu. Esta Casa não poderia omitir-se em rememorar,
através de suas diversas Bancadas, estes acontecimento que marcou profundamente
nossa consciência política, e por isso estamos reunidos, e é por isso que, a
partir deste momento, concedemos a palavra ao Líder da Bancada do PDT, que
falará também em nome do PMDB, e como o autor da proposição, Ver. Vieira da
Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Exmo
Ver. Valdir Fraga, Presidente da Casa; Exmo Major Elsson Barich,
representando o Comando Geral da Brigada Militar; Ilustre jornalista Benigno
Rocha, representando a ARI; Exmo Ver. Lauro Hagemann, Primeiro
Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; Srs. Vereadores, senhoras e
senhores que nos honram com sua presença na Sessão Solene de hoje (Lê.)
“Trinta e um de janeiro de 1961, tomam posse
como Presidente e Vice-Presidente da República Jânio Quadros e João Goulart,
respectivamente.
Vinte e cinco de agosto do mesmo ano. Menos de
sete meses depois, a Nação estarrecida recebe a notícia: Jânio Quadros
renunciava.
Apesar de estar vivo até hoje o principal
protagonista deste episódio de nossa História, a renúncia de Jânio nunca foi
convenientemente esclarecida, 28 anos passados daquela data. Prefiro ficar com
a versão daqueles que interpretam o ato do então Presidente como uma fracassada
tentativa de fortalecer-se no poder, eis que pensaria Jânio Quadros que sua
renúncia não seria aceita, principalmente pelo fato de ter como seu Vice o
trabalhista João Goulart, herdeiro do getulismo, cuja assunção à presidência
não seria tolerada pelos militares.
Raciocínio correto, mas que não se traduziu na
realidade dos fatos, principalmente porque Jânio, àquela altura, já era um
solitário no poder. Nem o povo, nem os militares, exigiram o seu retorno. A
renúncia estava consumada.
Contudo, a posse de João Goulart esta
ameaçada. Jango, naqueles dias, encontrava-se fora do País, em missão oficial
na China, o que fortalecia ainda mais as articulações golpistas.
De fato, o então Ministro da Guerra, Marechal Odílio
Denys, já declarava a ‘absoluta inconveniência’ do regresso de Jango no Brasil,
correndo rumores, inclusive, de que seria preso assim que pisasse em território
nacional.
Tal atitude gerou a ação corajosa do Marechal
Henrique Teixeira Lott, que havia concorrido pela coligação PSD-PTB nas últimas
eleições presidenciais. Lançou ele um Manifesto à Nação em defesa da ordem e da
Constituição. Foi preso.
Enquanto isto, aqui no Rio Grande do Sul, o
povo se mobilizava em defesa da Legalidade ameaçada, comandado pelo seu
Governador, o Eng° Leonel de Moura Brizola.
‘O Rio Grande não aceita o golpe e a ele não
se submeterá’, bradou o Governador gaúcho, assumindo a liderança da Resistência
Democrática, e conquistando no cenário político nacional posição de destaque,
da qual nunca mais se afastaria.
Efetivamente, Brizola e a legalidade se
confundem. Era o Rio Grande do Sul que resistia para garantir a posse do
Vice-Presidente eleito, o Gaúcho João Goulart.
Consciente de que seria indispensável para a
Resistência ter no Governo do Rio Grande um meio de comunicação de massa, o
Governador Brizola antecipa-se aos militares e, a 27 de agosto de 1961,
requisita a Rádio Guaíba.
Estava formada a ‘Rede Nacional da
Legalidade’, através da qual Brizola e seus companheiros de luta mobilizaram a
Nação e defenderam, entrincheirados nos porões do Palácio Piratini, a Ordem
Democrática.
Papel decisivo desempenhava o então Secretário
de Imprensa do Governador Brizola, o saudoso jornalista Hamilton Chaves, que já
partiu, deixando um imenso vazio na alma de cada trabalhista. A ele, nossas
justas e sinceras homenagens.
Crescia a mobilização popular contra o golpe
pretendido pelas forças reacionárias. Eram milhares de pessoas a se
apresentarem no ‘Mata-Borrão’ da Av. Borges de Medeiros, dispostas a lutar para
garantir a posse de João Goulart na Presidência da República.
A tensão era grande. Tornou-se maior ainda no
início da manhã de 28 de agosto, quando foi captada uma mensagem do Ministério
da Guerra ao III Exército, transmitida pelo General Orlando Geisel ao General
Machado Lopes, dando ordem para marchar sobre o Palácio Piratini, empregando
toda a tropa que se julgava conveniente e utilizando a Aeronáutica, realizando
inclusive o bombardeio, se necessário.
Brizola, a princípio, pensou que se tratasse
de uma brincadeira de mau gosto. Não era. A mensagem foi captada por vários
radioamadores e também confirmada pelo então servidor dos Correios e
Telégrafos, João Carlos Guaragna, hoje Presidente do movimento Nacional Leonel
Brizola.
Poucas horas depois, por volta da 10h30min, do
mesmo dia 28 de agosto de 1961, o Comandante do III Exército, General Machado
Lopes, solicita ser recebido pelo Governador Brizola com a máxima urgência.
Brizola, querendo ganhar tempo para informar
ao povo brasileiro a gravidade do que se passava, através da Cadeia da
Legalidade, então já consolidada, marca a audiência para às 12 horas.
Sentindo que aquele era o momento decisivo,
Leonel Brizola se dirige aos porões do Palácio, em companhia do seu subchefe da
Casa Militar, então Major da Brigada Emílio Neme, para proferir um histórico
pronunciamento. Leio sua parte final.
‘Povo de Porto Alegre, meus amigos do Rio
Grande do Sul! Não desejo sacrificar ninguém, mas venham para a frente deste
Palácio, numa demonstração de protesto contra essa loucura e este desatino.
Venham, se eles quiserem cometer esta chacina, retirem-se, mas eu não me
retirarei e aqui ficarei até o fim. Poderei ser esmagado. Poderei ser
destruído. Poderei ser morto. Eu, a minha esposa e muitos amigos civis e
militares do Rio Grande do Sul. Não importa. Ficará o nosso protesto, levando a
honra desta Nação. Aqui resistiremos até o fim. A morte é melhor do que a vida
sem honra, sem dignidade e sem glória. Aqui ficaremos até o fim. Podem atirar.
Que decolem os jatos! Que atirem os armamentos que tiverem comprado à custa da
fome e do sacrifício do povo! Joguem estas armas contra esse povo. Já fomos
dominados pelos trustes e monopólios norte-americanos. Estaremos aqui
para morrer se necessário. Um dia, nossos filhos e irmão farão a independência
do nosso povo!’
Mas as tropas do Sul preferem ficar com o
povo, e o bravo General Machado Lopes, por volta das 12 horas, vai ao Palácio
Piratini - o mesmo que tinha recebido ordem para bombardear, se necessário
fosse - comunicar ao Governador Brizola que as tropas sob seu comando ‘farão
respeitar a Constituição’.
Em frente, na Praça da Matriz, a multidão
delira: o Rio Grande do Sul está definitivamente unido em torno da causa da
Legalidade Constitucional.
A briosa Brigada Militar, mobilizada desde o
início da crise na defesa dos interesses populares, era reforçada dia a dia com
o alistamento de centenas de voluntários.
Em Canoas, o comando da 5ª Zona Aérea e a Base
se integravam, oficialmente, à Resistência Democrática. O Governador Brizola
unira o Rio Grande do Sul em defesa da Legalidade.
A esta altura, o Vice-Presidente eleito e
Presidente Constitucional, o trabalhista João Goulart, chegava a Montevidéu.
Era 31 de agosto de 1961.
Acuados por sua mobilização popular sem precedentes
na nossa História, os Ministros Militares de então são obrigados a capitular, e
o Presidente João Goulart, a 1° de setembro de 1961, chega triunfalmente a
Porto Alegre. Entretanto, as elites brasileiras tinham dado mais uma mostra da
sua astúcia: Jango tomava posse como Presidente da República, no Palácio do
Planalto, a 07 de setembro de 1961. Porém, o Congresso Nacional instituía no
Brasil, através da Emenda Constitucional nº 04, de 02.09.1961, o Sistema
Parlamentar de Governo. O conciliador Tancredo neves, então Deputado Federal,
era indicado Presidente do Conselho de Ministros.
Empanava-se o brilho da vitória popular pela
Legalidade. E mais uma vez a voz do Governador Leonel Brizola que se levantou
contra o grande conchavo: ‘Considero o regime parlamentarista, dadas as
circunstâncias em que foi adotado, como uma espécie de golpe, decidido em menos
de vinte e quatro horas, a toque de caixa, sem reconhecimento do povo’,
denunciava Brizola, ao exigir que o povo fosse consultado, através de um plebiscito,
‘para se verificar se está de acordo ou não com a solução que lhe foi imposta’.
O plebiscito reclamado pelo Governador
Brizola, contudo, só seria realizado em 06 de janeiro de 1963, quando a
população brasileira, por 9.457.448 votos a 2.073.582, rejeita maciçamente o
Sistema Parlamentar de Governo que lhe fora imposto pelas elites dominantes.
A Legalidade Constitucional estava finalmente
restabelecida e abriram-se os caminhos para o infelizmente curto, mas audaz,
popular e nacionalista Governo João Goulart, marcado por uma política de defesa
da economia nacional e de forte conteúdo social, retomando o projeto de Getúlio
Vargas.
Ao grande brasileiro João Goulart, fique a
certeza de que a injustiça que fizeram com este homem público, que morreu no
exílio, longe de sua Pátria, haverá de ser reparada. Sim, será reparada. Porque
tenho convicção de que o reencontro do Trabalhismo com a história está bem
próximo e estes episódios todos estão gravados na consciência do povo
trabalhador brasileiro.
Agora, no final deste ano de 1989,
reencontrar-se-ão os brasileiros com as urnas para eleger, pelo seu voto -
negado por quase 30 anos - o seu Presidente da República. Renasce a esperança.
Teremos, finalmente, um Governo Federal legítimo.”
Viva a Legalidade! Viva a Democracia! Viva o
Trabalhismo! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESDIDENTE (Lauro Hagemann): Com a
palavra, o Ver Décio Schauren que fala pela Bancada do PT.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr.
Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Major
Elsson Barich, representando o Comando Geral da Brigada Militar; Jornalista
Benigno Rocha, representando a Associação Rio-Grandense de Imprensa; Ver. Lauro
Hagemann, 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; Srs. Vereadores;
senhores presentes a esta Sessão (Lê.)
“Senhor Presidente, Srs. Vereadores, no dia 25
de agosto de 1961 a renúncia do presidente Jânio Quadros, iniciou um período
histórico que hoje conhecemos como a ‘luta pela legalidade’. Este período se
encerrou somente com a posse do Vice-Presidente eleito João Goulart, em 07 de
setembro daquele mesmo ano.
Hoje, 28 anos depois, os valores e as
concepções em debate naquela época ainda estão na ordem do dia, num processo
que está longe de ser conclusivo no atual quadro político brasileiro.
As mesmas ‘forças ocultas’ que sustentaram os
motivos da renúncia de Jânio Quadros quiseram impedir a posse de João Goulart.
Foram estas mesmas ‘forças’ que três anos mais tarde mergulharam o País por
mais de vinte anos nas trevas e no terror da Ditadura Militar. E por fim são
estas mesmas forças, identificadas nas classes dominantes deste País, que
tentam por todos os meios, hoje, barrar a construção de uma alternativa
democrática e popular para o nosso País.
O episódio da Legalidade traz para o debate,
mais uma vez, o papel das Forças Armadas num País democrático e civilizado.
Desde os tempos do Império as Forças Armadas, especialmente o Exército, se
caracterizam muito mais pela repressão interna do que pela defesa externa do País.
São episódios que estão ligados por um nítido fio de continuidade. ‘A
cabanagem’, movimento claramente popular, ocorrido no Pará em 1834, que foi
reprimido pelo Exército brasileiro, resultando em 40 mil mortes. Liga-se,
assim, aos vôos rasantes dos helicópteros armados sobre a histórica Assembléia
no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, no dia 02 de abril de
1980. A história está repleta de exemplos: Canudos em 1896; a Revolta da
Chibata em 1910; o Contestado em 1912; a Ditadura de Vargas em 1937, todos a
confirmar o papel preponderante das Forças Armadas na repressão ao povo, este,
quase sempre desarmado e indefeso.
Quando os três ministros militares do governo
Jânio Quadros alegaram a ‘justiça, a liberdade, a paz social... os mais altos padrões
de nossa cultura cristã’, num exemplo de cinismo e deboche contra os valores
democráticos, para impedir a posse do Vice-Presidente eleito pelo voto popular,
não estavam fazendo nada mais que alimentar esta triste e desonrosa tradição.
O golpe militar de 1964 converteu esta
tradição numa doutrina que procurou explicar, justificar e reforçar a repressão
interna: a chamada doutrina de Segurança Nacional. Em 1968 o currículo militar
destinava 222 horas-aula para a questão da segurança interna e apenas e 21
horas-aula para o estudo da defesa territorial. Hoje, essa estrutura continua
quase a mesma.
Nestes últimos anos a militarização do Estado
em nada se modificou. O governo Sarney desde o seu começo no Colégio Eleitoral
se caracterizou pela tutela das armas. Estão aí, para confirmar isso, a
presença intacta da comunidade de informações, os Centros de Informações da
Aeronáutica, do Exército e da Marinha, do SNI, bem como a existência de seis
ministros militares. O Conselho de Segurança Nacional foi travestido pela Nova
Constituição no Conselho de Defesa Nacional; muda o nome, só não muda a
composição e a função política.
Há, entretanto, contradições no seio das
Forças Armadas. O apoio dado à legalidade pelo comando do III Exército em 1961,
foi um momento em que o Exército se colocou ao lado da luta do povo. As
recentes disputas no Clube Militar e, principalmente, a campanha crescente pela
cidadania aos cabos e soldados mostram que há uma crescente pressão social da
consciência democrática.
Quando relembramos a bravura da resistência
popular às investidas militares no episódio da legalidade, quando o povo soube
repudiar o que poderia ter sido a antecipação do golpe de 1964, urge
rediscutirmos um novo papel para os militares em nosso País.
Será preciso desmilitarizar a Administração
Pública, extinguindo os ministérios militares e criando um único Ministério de
Defesa, voltado para a preservação da soberania territorial do País. O Conselho
de Defesa Nacional, novo nome do antigo Conselho de Segurança, deverá ser extinto,
eliminado a possibilidade de intervenção militar nos assuntos civis do Governo.
Os órgãos de repressão política deverão ser
desmantelados, bem como a apuração de todos os crimes cometidos durante a
ditadura, recuperando a memória e a luta daqueles que tombaram vítimas da
repressão.
Sabemos também que não será em curto prazo que
mudaremos a mentalidade militar cimentada por décadas pela doutrina criminosa
da Segurança Nacional, doutrina que foi concebida pela estratégia de dominação
imperialista do governo americano. Neste sentido, a Frente Brasil Popular
propõe a extinção da obrigatoriedade do serviço militar em sua substituição
pela criação de um serviço comunitário. Os militares deverão ter nova formação,
separando a formação profissional, encargo das escolas especificamente
militares, da formação geral que é atribuição da rede regular de ensino.
Lembrar também a postura democrática ao lado da luta pela Legalidade de que
teve a Brigada Militar em 1961.
No entanto, a partir do Golpe, a Ditadura subordinou
as Polícias Estaduais ao comando direto do Exército; esta subordinação deverá
ser abolida, pois as Polícias Estaduais devem ser subordinadas aos seus
respectivos governos. Somente na direção apontada por estas medidas, a
sociedade civil organizada poderá controlar as Forças Armadas, invertendo uma
relação de dominação e prepotência que marca nosso País, aterrorizado por
inúmeras ditaduras militares. Nestes cem anos de República, tivemos apenas 19
anos, em que o governo federal não foi subordinado diretamente à força das
armas.
A lembrança da Legalidade deve ser somada, em
nossas consciências democráticas, a resistência dos camponeses sem terra em
Santa Elmira e Teófilo Otoni em Minas Gerais, nas duas situações enfrentando as
Polícias Estaduais. A história, como o mundo, dá muitas voltas; a luta pela
democracia exige que estejamos atentos, pois, muitos daqueles que outrora
ousaram enfrentar, ao lado do povo, o poderio militar a serviço do grande
capital, hoje calam e se omitem diante de episódios como o de Santa Elmira e
Volta Redonda, em novembro de 1988, quando as tropas do Exército ocuparam a CSN
e reprimiram violentamente a greve, assassinando três operários metalúrgicos.
Nós entendemos que não basta lembrar a
Legalidade, muitas vezes, em tom apologético. A luta pela soberania nacional, a
luta pela Democracia continua mais atual do que nunca. Para nós, do Partido dos
Trabalhadores, a lembrança e a comemoração da Legalidade junta-se aos episódios
de repressão de Santa Elmira e Volta Redonda, as ocupações de Portos e
Refinarias pelo Exército, os assassinatos no campo e tantos outros episódios.
Nós temos a certeza de que só a mobilização popular poderá democratizar o
Estado e a Sociedade. Somente uma poderosa consciência democrática poderá fazer
com que, num futuro próximo, marinheiros e soldados caminhem lado a lado com o
povo. Esta, nós entendemos ser a melhor maneira de lembrarmos a luta pela
Legalidade.” Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, pelo PDS, o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Exmo
Ver. Valdir Fraga, digníssimo Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre;
Digníssimo Major Elsson Barich, representando o Comando Geral de Brigada
Militar; Digníssimo jornalista Benigno Rocha, representando a Associação Rio-Grandense
de Imprensa; Ver. Lauro Hagemann, Digníssimo 1º Secretário da Câmara Municipal
de Porto Alegre; Senhores Vereadores aqui presentes; minhas senhoras e meus
senhores. Eu tenho uma espécie de teoria filosófica, porque, quando se analisa
o comportamento de uma pessoa, ou, quando se analisas os fatos, para não
cometermos erros históricos, somos obrigados a chamar tudo aquilo que ocorreu
antes de construir, digamos assim, o edifício dos acontecimentos, dia após dia,
semana após semana, mês após mês, ano após anos, os tijolos da tessitura que
forma a personalidade do homem. Por isso que, quando eu falo nestes
acontecimentos, como ocorreu há dois dias atrás, ao analisarmos a morte do
Presidente Getúlio Vargas, é impossível que, sobre estes fatos todos, não se
aplique um raciocínio dialético, porque as coisas não acontecem nunca por
encanto e os fatos que se sucedem não são isolados das condicionantes
anteriores.
A Legalidade, na minha opinião, - eu vivi
àquela época, acho que muitos poucos tiveram o privilégio que eu tive de
vivê-la - não pode ser separada de uma série de acontecimentos que vieram
tumultuando a vida democrática deste País. É evidente que tudo começou a partir
de 1954, quando as forças da reação exigiram a renúncia do Presidente Vergas. A
renúncia de um Presidente que preferiu a imolação pessoal do que se submeter ao
vexame, à humilhação, daqueles que tinham a intenção de impedir o processo
histórico do País. Da morte de Vargas decorreu uma profunda reação popular
contra as forças obscuras, antiprogressistas e medievais que estavam sufocando
a libertação do Brasil e do seu povo, principalmente no seu sentido econômico e
social. Econômico, porque o Brasil, já naquela época, era um País condicionado
aos interesses de grupos que denominávamos trustes e cartéis. E sociais,
porque o povo, por causa deste condicionamento, vivia as dificuldades que foram
recrudescendo, até os dias de hoje. Em 1955, as mesmas forças impediram, ou
tentaram impedir, que o Presidente Juscelino Kubitschek, eleito democraticamente
pelo voto popular, tomasse posse. Foi necessário que o Marechal Lott chefiasse
um movimento militar para garantir a posse de Juscelino. Em 1961, assumiu o
Presidente deste País o Fernando Collor daquela época, Jânio Quadros numa
espécie de incrível ventania coletadora de votos em seu favor. Era inexplicável
como um homem insano e despreparado para dirigir os destinos de uma grande
Pátria tivesse recebido uma votação tão fantástica. Sete meses depois, ele
constatou, e esta é a melhor explicação da história de sua renúncia, pelo menos
eu não encontrei uma resposta mais eficaz, sete meses depois, o então
Presidente Jânio Quadros, de triste memória, chegou à conclusão de que, com
aquele Congresso Nacional podre, como ainda é hoje, arcaico, inoperante,
ineficiente, deficiente, que recebia dólares do exterior, milhões de dólares
foram recebidos pelo Congresso Nacional e por Governadores reacionários daquela
época, para desestabilizar o governo posterior de Jânio, mas era aquele
Congresso podre que impedia, que incrivelmente um Presidente da República que
tinha sido eleito pelo conservadorismo nacional, de repente, desfraldasse uma
bandeira liberal em matéria das relações deste País com as outras nações do
mundo, mas que, internamente, se sentiu impedido, cerceado, como diz o gaúcho
do nosso pampa - manietado, em sua vontade de administrar. E renunciou.
Renunciou, imaginado que voltaria à Presidência com poderes discricionários,
mas os militares, e o Senhor me permite, Coronel, de fazer uma crítica aos militares
daquela época?, muito velhacos, muito capciosos e muito espertos aceitaram a
renúncia como um fato irreversível, e impediram que Jânio retornasse como
ditador do País. Mas não parou aí o interesse e os objetos dos militares
traidores da Pátria.
Também quiseram impedir que o processo
democrático e institucional, ou constitucional, tivesse curso, e deliberaram,
então, que o Presidente Jango não poderia assumir o cargo que o povo,
democraticamente, tinha lhe confiado. Só que havia um detalhe que eles, digamos
assim, que a reação brasileira não pôde controlar: era presidente do Estado do
Rio Grande do Sul, era Governador do Estado, um cidadão chamado Leonel de Moura
Brizola, e era Comandante do III Exército, no RS, um cidadão chamado General
Machado Lopes, e não lembro quem era o Comandante da Brigada Militar, na época,
mas ainda revejo alguns de seus nomes, o Coronel Prado, Coronel Neme, que
estiveram à frente, foram os vanguardeiros da Brigada Militar que, juntamente
com Machado Lopes, liderados pela inteligência brilhante e fulgurante da época
desse cidadão chamado Leonel Brizola, o Rio Grande se levantou, e de pé gritou.
“Abaixo o Golpe: o processo democrático representa a vontade legítima,
constitucional da Nação”. E mais uma vez as forças da reação foram desbaratadas
neste País. Por isso, Sr. Presidente, que estou fazendo a ligação dos fatos, há
toda uma tecedura política por de trás disso, há um background político
que ligava todas estas coisas.
A vitória da Legalidade em 1961, mais tarde se
transforma na derrota e no Golpe de 1964. A reação conquistava o Poder. E aí
não só no Brasil, Sr. Presidente, a democracia tombou, este foi um plano, um
plano de larga traição aos interesses do povo brasileiro, porque aqui nas
nossas costas estava uma operação Brother’s Sam e um porta-aviões
chamado Forrestal, com dinheiro, com combustível e com armamento para
assegurar a vitória da traição nacional que se verificou com o golpe de 1964.
Era um plano, Ver. Schauren, como V. Exª bem disse, um plano estratégico e
deflagrado pela ideologia da segurança nacional. E veja, Sr. Presidente, o que
aconteceu: o golpe de 1964 representou a esquina da História da América Latina.
Deflagrado o golpe, o Brasil se transformou em ditadura militar. Ditadura
militar pela ideologia da segurança nacional.
Era necessário que o Brasil sucumbisse, porque
no tabuleiro do xadrez da política internacional e dos vorazes interesses
econômicos das multinacionais, o Brasil era o Watergate através do qual
o capitalismo internacional iria invadir esta Pátria e escravizar este povo
conforme Getúlio Vargas previu em sua Carta Testamento.
Após, em 1971, derrubam o Presidente
democrático e nacionalista da Bolívia, General Juan José Torres. Em 1972,
derrubam o Presidente constitucional democrático do Chile, o companheiro
Salvador Allende. Em 1973, dando curso a este sistema de traição ao povo e de
traição nacional, o próprio Presidente da República do Uruguai, Sr. Bordaberry,
se dá um auto-golpe, fecha o Congresso Nacional e entrega o poder aos
militares. Em 1976 ocorre a mesma coisa na Argentina quando foi derrubada a
Presidente Isabel Perón e nós vivemos durante vinte e quatro anos, em todo o
Cone Sul, esta noite de terror disseminado, comandados por uma nação
estrangeira que se chama Estados Unidos da América do Norte, pela vontade de
seu capitalismo e de seus interesses econômicos.
Por isso que eu disse que nós somos a soma de
todo este passado glorioso de lutas. O povo brasileiro é a soma de todos esses
acontecimentos históricos e a legalidade, Presidente Valdir, simboliza, mais
uma vez, que o Rio Grande do Sul deverá estar eternamente vigilante e de pé
para que isto não volte mais a reinar e ocorrer em nossos torrões, em nossa
Pátria. É este o símbolo da Legalidade, esta mensagem da Legalidade é que deveria
ser hoje, por nós aqui, assinalada como a expressão máxima da revolta
democrática e popular de um povo que quer a redenção política e social, agora,
já em caráter definitivo. Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
(Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, o Ver. Lauro Hagemann que falará em nome da sua Bancada, o PCB.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr.
Presidente, Ver. Valdir Fraga; Major Elsson Barich, representando o Comando
Geral da Brigada Militar; companheiro Benigno Rocha, representando a Associação
Rio-Grandense de Imprensa; Srs. Vereadores, senhoras e senhores.
É uma feliz coincidência que na Mesa estejam
representadas duas entidades que tiveram um papel muito importante no episódio
que estamos a comemorar nesta Sessão Solene. A Brigada Militar de um lado e os
jornalistas de outro, representados pela ARI. Os oradores que me antecederam e,
principalmente, o companheiro Omar Ferri analisou com precisão o que aconteceu
antes e que desembocou no episódio chamado Legalidade, em 1961. A tentativa de
emergência de várias nações sul-americanas, não interessava ao imperialismo, ao
capitalismo, nós tínhamos que ficar submetidos à dominação, mais do que isso,
submetidos a sermos apenas os fornecedores da matéria-prima e absorventes da
produção industrial dos países desenvolvidos, como ainda hoje estamos.
Toda vez em que se houve tentativas de se
libertar dessas amarras aconteceram as coisas que nós estamos, hoje, a relatar,
a própria morte do Presidente Vargas que ontem se assinalava, nesta Casa, deu
de certa forma início, no Brasil, a uma seqüência de golpes que culminaram em
1964.
Eu já disse e repito que 1961, o episódio da
Legalidade foi o ensaio geral para o golpe de 1964, e as forças da reação, o
conservadorismo, a burguesia burra deste País, aliada a interesses estrangeiros
aprendeu bem a lição, em 1961, porque se preveniu e tratou de amordaçar um
setor que me é muito importante e significativo, que são os meios de
comunicação eletrônicos, de massa que produziram em 1961 a alavanca que tentou
organizar a resistência popular; claro que naquele episódio alguns fatores
produziram resultados independentes de uma obviedade maior, de uma certa
lógica. Circunstâncias especiais contribuíram para que aquela mobilização
massiva, mas desorganizada conseguisse superar a tentativa do golpe. Juntamente
com esses elementos imponderáveis estava um outro elemento que eu citei aqui, a
força física representada pela Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul,
que não se aliou às tentativas golpistas, que ficou defendendo o lado do povo
que, naquele instante, era representado pelo Governador Leonel Brizola.
O gesto insano do então Presidente Jânio
Quadros tem e terá ainda repercussões que nós não saberemos qual seja o fim.
Joaquim Nabuco certa vez disse que certos gestos humanos têm tais repercussões
que é impossível ao homem prever-lhes o desfecho. Este gesto do então
Presidente Jânio Quadros parece ser um desses acontecimentos dos quais não se
pode prever o fim. Tive a ventura e o privilégio de participar de uma grande
parte do episódio da Legalidade como jornalista, junto com alguns companheiros
desta Casa, e cito especialmente o Adaucto Vasconcellos que há três anos atrás
organizou um livro chamado “Os 25 anos da Legalidade” com depoimentos das
pessoas que participaram daquele episódio. Confesso que vivi nos subterrâneos
do Palácio muitos acontecimentos que só vim a saber depois qual o seu
verdadeiro desenrolar porque nós jornalistas, radialistas ficamos quase que
prisioneiros do bunker onde se instalara o estúdio da Rádio da
Legalidade. A passagem do Vice-Presidente João Goulart, o comício da sacada do
Palácio, a vinda do aeroporto, a ida ao aeroporto junto com Tancredo Neves e
outras personalidades, nada disso nós pudemos assistir pessoalmente porque
estávamos lá transmitindo para o resto do Estado, do País e da América Latina,
os acontecimentos que se desenrolavam praticamente sobre as nossas cabeças. Só
ficamos sabendo das coisas no outro dia ao lermos os jornais e pelo relato dos
companheiros.
Mas quero dizer que esta tentativa de
organização popular ela teve alguns indícios que deverão ser aproveitados pela
sociedade de hoje para que tenham prosseguimento. Não posso esquecer neste
breve relato a tentativa que se fez da organização dos batalhões operários
nesta Cidade, de que pouca gente fala; dos batalhões estudantis. Isso é um
processo que deve ser investigado, retomado, porque, como bem disse, se não me
engano, o companheiro Décio Schauren, que a não ser pela mobilização popular,
não vamos conseguir modificar esse estado de coisas. Em 1961, no episódio da
Legalidade, isso ficou bem evidenciado, porque foi uma mobilização popular,
embora desorganizada, imprecisa, voluntariosa, mas ela produziu um efeito
imediato. E é preciso que a sociedade se dê conta de que nós precisamos
aprofundar esse tipo de organização para sustentarmos qualquer regime
democrático que queiramos. Parece incrível, mas este País passou todo este
século XX às voltas com as rebeliões, na tentativa de se manter um status
quo que só interessa a uma minoria privilegiada. Agora, no final do século,
vamos ter uma eleição presidencial. Nem sabemos ainda qual será o resultado,
mas é preciso que tenhamos consciência de que, olhando para trás, nesses 90
anos, tenhamos aprendido a lição.
Por isso, Srs. Vereadores, prezados
companheiros da Mesa, não vou me alongar mais, mas acho que a cada ano deve-se
rememorar esse episódio da Legalidade, um acontecimento importante, porque a
memória dos fatos históricos não deve ser relegada. É preciso que se renove, a
cada ano, o relato dessas experiências, desses acontecimentos. Porque hoje, 28
anos após o fato, são poucas as pessoas, mesmo aqui nesta sala, que ainda se
lembram pessoalmente dos acontecimentos vividos naquelas duas semanas. E as
novas gerações precisam estar informadas disso, porque um País, uma Nação, se
constrói também com a sua história. Não podemos esquecer do que aconteceu
ontem. São tantos os fatores que contribuíram para que se comemore este dia que
não se pode abarcar todos eles.
Por isso, fico apenas nesta questão: a força
que representou o rádio, o rádio que as forças reacionárias, a partir de 1961,
passaram a controlar com mão-de-ferro. Hoje, a sociedade brasileira, a partir
de então, não tem nos veículos de comunicação eletrônica o caminho para
expressar o seu sentimento, ficaram submetidos aos desejos dessa minoria que
insiste em governar este País, em se assenhorear das consciências dos trabalhos
da maioria. Isto ninguém pode ignorar. É por isso, que na própria Assembléia Nacional
Constituinte, quando se quiser modificar a maneira da concessão de novos canais
de radiodifusão e televisão, este estatuto não pode ser modificado, porque a
reação controlou de tal forma a própria Assembléia Constituinte que o processo
não pode ser alterado. E, indiscutivelmente, o rádio naquela época, antes
daquela época e ainda hoje, é o grande veículo de mobilização popular neste
País. Se não tivermos consciência disso, não começaremos a mudar nada. É Claro
que existem outros adicionantes e condicionantes que nesta Sessão, não será
objeto de análise mais profunda.
Mas eu queria felicitar o Ver. Vieira da Cunha
por ter proporcionado esta ocasião para nós, os mais antigos, como eu, que
vivemos aqueles momentos, até às vezes - e isso é uma autocrítica - não nos
damos conta da importância desses acontecimentos, porque para nós eles foram
tão naturais que nós temos a tendência de admitir a importância deles pelo
tempo já passado, mas é preciso que se renove a cada ano esta lembrança. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de todos, e, em especial, das pessoas
que estão conosco acompanhando os discursos, não estão na Mesa, mas considero
mais autoridade que nós. Em respeito aos dois convidados, da ARI e da Brigada
que, pelas fisionomias mostram o que passaram naquele período da Legalidade. Um
abraço a todos.
Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão Solene.
(Levanta-se a Sessão às
12h09min.)
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